O presidente da Associação dos Terminais Portuários e Estações de Transbordo de Cargas da Bacia Amazônica, Flávio Acatauassu, avalia com otimismo os resultados das movimentações portuárias na Amazônia no primeiro quadrimestre de 2022. De acordo com dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários, nos quatro primeiros meses de 2023, os 83 portos em atividade que operam na Amazônia transportaram mais de 103 milhões de toneladas de carga em conexão com todo o mundo.
"2023 está nos surpreendendo positivamente. Tínhamos feito uma análise no final de 2022 em relação ao crescimento da safra e estabelecemos alguns parâmetros e esse primeiro quadrimestre do ano superou todas as expectativas. Foi um ano de safra recorde, de movimentação recorde nos nossos portos do estado do Pará", afirma.
78,5% desta movimentação é de produtos embarcados, ou seja, com origem na região. A mercadoria que domina as estatísticas é o minério de ferro, que responde por 41% de tudo o que entra nos navios que zarpam da Amazônia. 24,9% é de soja, 9,3% de bauxita, 6% de petróleo ou derivados e a lista encerra com o milho, responsável por 4%.
Acatauassu pontua que os portos da região tem se tornado cada vez mais fundamentais para a balança comercial brasileira, com contribuição expressiva para o Produto Interno Bruto do Brasil.
"O grande diferencial nosso está na cadeia logística. Cada um dos modais tem a sua especificidade, entre vantagens e desvantagens. E nós transportamos os nosso produtos, a maior parte, em via fluvial. Graças a pujança dos nossos rios, podemos navegar de maneira constante, o ano inteiro, sem restrições. É o modal mais ecologicamente sustentável e vantajoso. Isso é um atrativo para as empresas, pois elas querem utilizar essa ferramenta natural para o escoamento dos grãos", destaca.
A expansão do setor na Amazônia tem sido rápida e contínua na última década: entre 1993 e 2012, a Amazônia brasileira respondia por 34,18% dos portos em atividade no país. Hoje, o número está em 40,76%. Acatauassu acredita que o ramo deve crescer ainda mais no futuro, mas lembra que a preocupação socioambiental nas regiões onde os complexos portuários se instalam deve ser sempre uma prioridade.
"Toda estrutura portuária traz no primeiro momento muito desenvolvimento, expectativa e capital circulando. Com o tempo, essas áreas ao redor começam a se consolidar. É preciso muito cuidado ao instalar complexos portuários. Ao redor do porto vem oferta de empregos, renda, recolhimento de impostos, mas a sociedade e o meio ambiente devem ser prioridades durante a instalação", diz.