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Descoberta

São Geraldo do Araguaia, no Pará, abriga nova espécie de tartaruga de água doce

A espécie, batizada de Perema do Pará, foi encontrada nos igarapés do entorno da Unidade de Conservação Parque Estadual Martírio Serra das Andorinhas

O Liberal

05/01/2023

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Tartaruga recebeu o nome de Perema do Pará - Foto: Divulgação/ Agência Pará

Uma nova espécie de tartaruga de água doce da Amazônia, batizada de Perema do Pará, foi encontrada nos igarapés do entorno da Unidade de Conservação (UC) Parque Estadual Martírio Serra das Andorinhas (Pesam), no município de São Geraldo do Araguaia, sudeste paraense. A descoberta foi feita a partir de estudo de exemplares da coleção de Herpetologia do Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), por pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA), do Núcleo de Ecologia Aquática e Pesca da Amazônia (NEAF/UFPA), do projeto Turtle Conservancy, da Chelonian Research Foundation e da ReWild. O nome científico do animal é Mesoclemmys sabiniparaensis, e é nomeado "sabini" em homenagem a Andrew Sabin, e "paraensis" em honra ao Estado do Pará.

O estudo teve início em 2018, e foi liderado pelo herpetólogo Fábio Andrew Gomes Cunha, da Universidade Federal do Pará (UFPA), a partir de uma visita ao centro de Herpetologia do (MPEG). O centro é considerado o maior acervo da região amazônica, abrigando cerca de 100 mil espécimes de anfíbios e répteis. A grande maioria destes animais são preservados em álcool e alguns indivíduos em via seco.

“Estávamos em processo de descrição de uma nova espécie, da região do Baixo Amazonas, e ao estudarmos os animais depositados no Museu Emílio Goeldi, encontramos um grupo de tartarugas muito semelhantes entre si e completamente diferentes de tudo que se conhecia, até aquele momento. Foi algo de saltar os olhos”, disse o pesquisador.

O pesquisador Fábio Cunha conta, ainda, que, após o primeiro contato, iniciou-se um estudo minucioso, com análises genéticas feitas com base em análises de DNA extraído de amostras de tecido muscular dos animais, diferenças morfológicas e anatômicas. Além disso, foram detalhadas informações sobre a história natural desses animais.

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Foto: Divulgação/ Agência Pará

“Para que uma nova espécie seja aceita pela ciência, é necessário realizar comparação morfológica, genética, comportamental, sua distribuição animal, além da fisiologia da nova espécie com todas as outras espécies já descritas e reconhecidas. É um processo lento, com muitos detalhes. Desde o primeiro contato com os animais até a publicação leva alguns anos; nessa pesquisa, foram quatro anos inteiros de muito estudo”, detalha.

Segundo a diretora e Gestão e Monitoramento das Unidades de Conservação (DGMUC/Ideflor-Bio), Socorro Almeida, a descrição da nova espécie, para a região sudeste do Estado do Pará, tendo como habitat áreas do entorno do Pesam, reforça a importância das Unidades de Conservação da Natureza para a preservação e conservação dos ecossistemas.
“As 27 Unidades de Conservação Estaduais do Pará certamente guardam um patrimônio genético riquíssimo, com muitas espécies ainda por descobrir ou registrar. A cada descoberta de novas espécies ou registros de espécies ainda não catalogadas, novas ações de manejo devem ser providenciadas, dependendo do local do registro dentro da UC, a fim de resguardar a espécie e dar o devido tratamento aos recursos naturais”, disse a gestora.

Publicação - O artigo científico de descrição da nova espécie foi publicado online dia 14 de dezembro, na revista internacional científica Chelonian Conservation and Biology Turtle Conservation Fund (TCF-2002). É uma coalizão de parceria estratégica e de financiamento das principais organizações de conservação de tartarugas e indivíduos focados em garantir a sobrevivência a longo prazo de tartarugas e tartarugas de água doce.

Preservação e conservação - A presidente do Ideflor-Bio, Karla Bengtson, ressalta a importância das Unidades de Conservação (UCs) para garantir a preservação dos ecossistemas e conservação dos recursos naturais do Pará. As UCs são espaços terrestres e aquáticos que garantem a proteção de amostras representativas da biodiversidade da Amazônia, em especial de populações das espécies da flora e da fauna ameaçadas de extinção no Estado.

“Com os resultados das pesquisas, o Ideflor-Bio amplia sua atuação pela preservação e conservação da biodiversidade, apoiando pesquisas científicas, o desenvolvimento sustentável e atividades de educação ambiental, fortalecendo a missão do Instituto na preservação dos ecossistemas'', reforçou a presidente.

Texto de Gabriel Pires, estagiário, sob a supervisão de Victor Furtado, coordenador do Núcleo de Atualidades, de O Liberal